Apresentação

 

A graduação em Filosofia da UFBA acolhe, anualmente, 40 alunos por meio do Sisu. Além dessa entrada regular, uma determinada quantidade (variável) de alunos é recebida por transferência e vagas residuais a cada ano. O curso é diurno e oferece as modalidades Licenciatura e Bacharelado, com entrada única.

O futuro profissional de filosofia, bacharel ou licenciado, é estimulado a exercitar o pensamento crítico, sendo este o núcleo do seu treinamento. O campo sobre o qual se debruça esse exercício sistemático do pensamento confunde-se com os saberes e fazeres da experiência humana como tal: seus fundamentos, critérios, possibilidades e sentidos. Há um aspecto criativo da formação da filósofa ou filósofo, pelo qual ela ou ele são chamados a forjarem conceitos para dar conta das perplexidades e urgências do nosso tempo, não sem lançar mão da história da própria disciplina. Não há, na disciplina tal como aqui entendida, antagonismo entre a sua história e o seu exercício do pensamento - mas tampouco redução a um desses elementos.

Por sua vez, a licenciatura torna o profissional apto à docência em filosofia através do domínio de técnicas de pesquisa e análise específicas da disciplina. Se as diversas áreas das ciências exercem os seus fazeres tematizando os seus respectivos objetos (como o são, por exemplo, fauna e flora, esculturas e partículas, respectivamente para a biologia, as artes e a física), a filosofia se interroga pelo sentido dos conceitos operatórios mais básicos, ou mais gerais, dos discursos que tematizam esses objetos (como os conceitos de vida, experiência estética e extensão, também respectivamente). O profissional licenciado capacita-se a explicitar aos seus futuros alunos o caminho desse tipo de análise, voltada para a própria linguagem usada nas diversas áreas do saber, através, também, da história dos seus diferentes estilos e métodos. A proposta didático-pedagógica dos cursos de Bacharelado e Licenciatura incentiva a que os estudantes adquiram, assim, uma formação filosófica e cultural consistente e continuada, de modo a se tornarem capazes de incorporar novos elementos de modo constante e com crescente autonomia, mesmo após a sua graduação.

O corpo docente efetivo é composto integralmente por professores doutores que atuam em diversos âmbitos, integrados a redes de pesquisadores em âmbito nacional e internacional. Trabalham em atividades de ensino, pesquisa e extensão, dando aulas na graduação e na pós-graduação, orientando projetos de pesquisa e desenvolvendo atividades que envolvem a comunidade externa, aí se incluindo editorias, organizações de eventos, pareceres, consultorias, comitês de área em agências de fomento e associações acadêmicas, etc. Além das aulas regulares, os alunos da graduação podem participar de vários projetos e programas institucionais com ou sem bolsa, tais como: PIBIC (Iniciação Científica), PIBID, Residência Pedagógica e Monitoria (Iniciação à Docência), e PET (Programa Tutorial). Acrescente-se a isso a oportunidade de tomar parte em um grande número de eventos, tais como congressos, simpósios, colóquios, seminários, palestras, etc., com professores brasileiros e estrangeiros, ao longo de sua formação acadêmica, bem como em parcerias e possibilidades de intercâmbio com universidades do Brasil e do exterior. O curso de filosofia da UFBA busca assim oferecer aos alunos uma efetiva experiência de vida universitária, ou seja, uma experiência que vai muito além da aquisição escolar de conhecimento.

As disciplinas obrigatórias se organizam em função de dois eixos básicos: o temático e o histórico. Em todos os semestres são também oferecidas disciplinas optativas, chamadas de Tópicos Especiais, que visam complementar a formação dos estudantes e tratam de problemas mais específicos, geralmente ligados às pesquisas dos professores. São também oferecidas disciplinas optativas e extra-curriculares externas à filosofia, em departamentos de humanidades, artes e ciências. Essa diversidade de disciplinas visa favorecer uma formação interdisciplinar aos estudantes de filosofia.

Muito se discute sobre o mercado de trabalho dos egressos em filosofia. Não há dúvida de que o mercado precípuo é o da docência em filosofia e áreas afins. Não há país desenvolvido cujo desenvolvimento não se tenha feito acompanhar da ampliação de uma formação para a cidadania, com um incontornável aspecto reflexivo de tipo filosófico e humanístico - e o Brasil não será exceção. Ao mesmo tempo, é importante notar que as humanidades em geral, e a filosofia em particular, não possuem apenas um valor intrínseco e não instrumental, por mais precioso que este seja. Setores de ponta da economia dita “real”, tais como inteligência artificial, o campo biomédico e de alimentos, a comunicação social e o turismo cultural, abrem um espaço crescente para profissionais com treinamento filosófico, da filosofia da linguagem e da metafísica à bioética, à filosofia política e à estética. À medida que esses setores da economia real se confrontam com mutações radicais dos seus contextos e processos, passam a demandar, justamente, um esforço tanto de análise como de criação de conceitos que deem conta de novos e desafiadores cenários mentais, sociais e de interação com o mundo físico. Não é à toa que a imaginação filosófica nunca deixa de estar presente em tentativas de visualização de cenários futuros para o mundo do trabalho, por maior que venha a ser a integração do trabalho com sistemas artificiais - e talvez sobretudo nesse caso! Também por isso a filosofia encontra campos de aplicação prática cada vez mais surpreendentes a um olhar distraído em relação às mudanças do presente.